MANDAMENTOS: SERVOS OU ESCRAVOS?

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MANDAMENTOS: SERVOS OU ESCRAVOS?

PRÉDICA PARA O 3° DOMINGO NA QUARESMA – 07 MAR 2021 | Texto da prédica: Êxodo 20.1-17 | Gustavo Mundt Klug | 

            Que a graça, o amor e a comunhão no Espírito Santo estejam conosco. Amém.

Irmãos e irmãs em Cristo,

Quantos são os mandamentos? Dez! Essa foi fácil! Qual é o terceiro mandamento? Qual é o oitavo? Opa! Complicou! Vamos relembrá-los: (1°) Eu sou o Senhor seu Deus. Você não deve ter outros deuses além de mim; (2°) Não abuse do nome do Senhor, seu Deus, porque o Senhor não considerará inocente quem abusar do seu nome; (3°) Santifique o dia de descanso; (4°) Honre o seu pai e a sua mãe; (5°) Não mate; (6°) Não cometa adultério; (7°) Não roube; (8°) Não fale mentiras a respeito do próximo; (9°) Não deseje possuir a casa do seu próximo; (10°) Não cobice a esposa ou o marido do seu próximo, nem as pessoas que trabalham com eles nem coisa alguma que lhes pertença.

Não é difícil encontrarmos pessoas que interpretam de forma equivocada os mandamentos, as ordens de Deus. Já ouvi muitas pessoas dizerem que a religião tira a liberdade das pessoas, como se tirassem um peixe do mar e o colocassem num aquário. Outras pessoas, no entanto, são totalmente opostas a isso e radicais com seus pensamentos. Estas afirmam que podem fazer tudo o que quiserem, pois até reconhecem suas falhas e até aceitam os erros cometidos, bem como também os que ainda virão. Essas pessoas acomodam-se em seus erros e não buscam mudanças. Esses pensamentos são equivocados. Não estão de acordo com a teologia cristã luterana e, muito menos, de acordo com o real sentido dos mandamentos.

Os dez mandamentos estão no livro do Êxodo (Segundo livro do Antigo Testamento). Êxodo significa Saída, libertação. Por décadas, o povo de Deus era escravo dos egípcios. Os israelitas eram obrigados a trabalhar de forma intensa, sem descanso. Enquanto isso, o rei do Egito adquiria posses e mais posses e, desta forma, experimentava do seu conforto diário, que era fruto da mão de obra escrava do povo de Deus. Após anos de intenso sofrimento, Deus levanta Moisés como líder do povo. Conforme o relato bíblico, mesmo com suas grandes limitações, Moisés liberta o povo de Deus. No caminho rumo à terra prometida, o povo de Deus acampa ao lado do monte Sinai, onde Moisés recebe as duas tábuas da lei, nas quais estavam os dez mandamentos. Na primeira tábula havia os três primeiros mandamentos, que se referem ao relacionamento do povo com Deus; na segunda tábula, os demais mandamentos, que se referem ao relacionamento de uns para com os outros.

Estamos no tempo da quaresma, isto é, tempo de reflexão, tempo de parada. São quarenta dias que antecedem a ressurreição, libertação da morte eterna. Diante do texto bíblico e do tempo litúrgico que experimentamos, podemos nos perguntar: “Em 2021, o que te escraviza?” “És escravo de que ou de quem?” Não precisamos nos esforçar tanto para percebermos que o ser humano tem grande capacidade para criar novos deuses, para criar mentiras, para matar, seja com palavras ou atitudes, para roubar bens ou até mesmo a dignidade do próximo. Enfim, não precisamos nos esforçar tanto para percebermos o quanto nossas palavras e atitudes, por vezes, são contrárias aos mandamentos de Deus. Essa capacidade maligna do ser humano ficou ainda mais evidente nesse tempo de pandemia.

Os mandamentos de Deus não têm outro objetivo senão organizar a nossa vida em todos os aspectos. Ou seja, tornar sadia a nossa relação com Deus e com o próximo, para que não nos tornemos escravos novamente. Assim como povo israelita, também nós precisamos de regras, leis, para tornar a vida, a convivência possível. Os mandamentos querem iluminar nossos caminhos para que não caiamos na tentação de pegar um atalho, por exemplo, que pode nos levar para a escravidão novamente. Pois, todas as vezes que o ser humano pegou atalhos (por mais fáceis que pareçam para aquele momento) tudo deu errado depois.

Façamos uma comparação. Os mandamentos de Deus são como um guarda-chuva. Os mandamentos nos protegem de algo. Se, porventura, eu decidir não usar o guarda-chuva num dia chuvoso, então eu devo arcar com as consequências: ficarei molhado e, na pior das hipóteses, ficarei resfriado. Portanto, tenho a liberdade de usar ou não o guarda-chuva, mas preciso ter consciência das respectivas consequências das minhas escolhas.

Por último, devo cumprir os mandamentos como uma obrigação? Ao olharmos para os mandamentos, devemos olhá-los à luz do supremo mandamento do amor ensinado por Cristo (João 15.12): “Ame uns aos outros como eu amo vocês.” Ao fazeres isso, lembre-se sempre do por isso: em resposta ao sacrifício de Cristo por mim e, por isso, vou participar dos cultos, santificar o dia do descanso; em resposta ao sacrifício de Cristo por mim e, por isso, vou honrar pai e mãe; em resposta ao sacrifício de Cristo por mim e, por isso, não darei falso testemunho a respeito do próximo; em resposta ao sacrifício de Cristo por mim e, por isso, não matarei meu próximo com palavras e atitudes.

A morte e ressurreição de Cristo, algo que está prestes a acontecer, nos liberta de tudo aquilo que nos escraviza aqui e agora. Ao mesmo tempo, nos compromete, por amor, a vivermos de tal forma que os mandamentos de Deus sejam praticados de forma natural, tanto dentro quanto fora de casa. É desta forma que reconhecemos e valorizamos a morte de Cristo por nós. O primeiro passo, irmão e irmã na fé, portanto, é reconhecer que fomos e podemos nos tornar escravos de algo. E o segundo passo, por sua vez, é ir “correndo” para baixo do “guarda-chuva” e fazer bom uso dele nas caminhadas diárias.

Que Deus nos ajude. Amém.

Aspirante ao Pastorado: Gustavo Mundt Klug

Pelotas –  Rio Grande do Sul, Brasilien

gustavoklg@gmail.com

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