Marcos 12. 38-44

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Marcos 12. 38-44

PRÉDICA PARA O 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES  | 7.11.21 | Texto bíblico: Marcos 12. 38-44 | Wagner Tehzy |

Querida comunidade

Há um versículo que vem à mente quando olhamos para o ensinamento de Jesus através do trecho de Marcos que refletimos hoje. Encontra-se no relato da unção de Davi, quando Deus adverte Samuel sobre o seu modo de ver as coisas: “Não olhe para a sua aparência nem para a sua altura, porque eu o rejeitei. Porque o Senhor não vê como o ser humano vê. O ser humano vê o exterior, porém o Senhor vê o coração” (1Sm 16.7). É disso que se trata, Jesus aponta para o que se vê exteriormente, como as pessoas enxergam autoridades e pessoas humildes, em nosso texto, os escribas e a viúva pobre, e como são vistas pelo seu olhar, que consegue enxergar além, para dentro das pessoas.

Vemos que Jesus está ensinando, está dentro do templo, logo no versículo anterior (v.37), diz que há uma grande multidão que o ouve com prazer. Ali Jesus diz que é necessário ter cuidado com os escribas. A estas pessoas foi confiada liderança religiosa, mas eles transformaram suas posições em proveito próprio. Em suma, gostam de ser admirados, servidos, das honras protocolares. Estão focados no que podem obter e não no que podem oferecer. Jesus os acusa de devorar as casas das viúvas, seu modo de aproveitar-se da estrutura do templo e da religião da época, mostra a exploração das pessoas mais fragilizadas. É preciso ter cuidado com esse tipo de pessoa. Há que se ter cuidado para não nos tornarmos esse tipo também, ou seja, ter apego demasiado por posição, aproveitar cargos para autopromoção.

Temos convivido, nos últimos domingos, com os textos que apontam o jeito de Jesus compreender as relações de poder no mundo. E é impossível não enxergar a divergência de pensamento. “Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos” (9.35). “O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (10.45).

Depois, a atenção se volta para a caixa de ofertas. Jesus observa as pessoas que ofertavam. Ali novamente a aparência tem destaque, pois as pessoas ricas depositavam à vista de todos, grandes quantias. Deviam orgulhar-se muito disso.  O olhar de Jesus repousa sobre uma viúva pobre, que oferece duas moedas de pequeno valor. Para esta mulher Jesus chama a atenção dos seus discípulos, “da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento.” A importância não está no fato de ter ofertado tudo, mas em que confiava em Deus para suprir todas as suas necessidades.

É bem possível que essa viúva tenha sido uma das que foram lesadas pelos escribas que recebem reprovação por parte de Jesus. As palavras que elogiam a viúva trazem condenação aos hipócritas, que não agem em seu favor. As palavras podem soar como um lamento sobre aquelas pessoas cheias de dinheiro que nada fazem por esta viúva.

Por outro lado, as palavras de Cristo louvam o dom da fé do Espírito Santo, que permitiu a essa viúva experimentar a total dependência de Deus. Jesus observa para além do valor das moedas, ele enxerga uma mulher que ama a Deus de todo seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de toda a sua força. (12.29). Ela deposita o que tinha no gazofilácio, mas Jesus percebe que ela tinha convicção que toda sua vida estava nas mãos de Deus.

Assim estamos diante daquele que vê o coração. As autoridades já não são vistas com o destaque habitual. Posição, dinheiro, honrarias não têm o mesmo valor que as pessoas costumam atribuir. Aquele que vê o coração consegue reparar no que ninguém repararia, uma pequena oferta, daquele tipo de pessoa que Ele chama de seus pequeninos. Ali há o verdadeiro sentido da dependência de Deus.

Mesmo que Jesus não tenha dito que as pessoas iriam lembrar-se dessa viúva para sempre, sua história está sendo contada em todo o mundo hoje. Seu exemplo irá inspirar as pessoas até o fim dos tempos. Suas duas pequenas moedas mostram que qualquer pessoa, mesmo a mais humilde, pode honrar a Deus com seus dons. Nos mostram também que Deus não está interessado no tamanho da oferta (aparência), mas no coração da pessoa.

Ao olharmos com sinceridade para dentro de nós mesmos reconhecemos que também nos cabem as palavras de juízo de Jesus. No entanto, sabemos que ele entregou, ofertou toda a sua vida por nós, e o fez na cruz. A partir disso, ele nos oferece perdão e vida renovada pela salvação.

O Espírito Santo continua trabalhando através da Palavra de Deus para nos conceder a mesma fé da viúva pobre. Faz isso através das sagradas escrituras que lemos e ouvimos, e, também, na presença visível, no que comemos e bebemos no sacramento. A fé que o Espírito Santo nos concede, recebe aquilo que Jesus nos oferece, quando dá sua vida em nosso favor. A mesma fé nos torna participantes da grande festa do Reino de Deus, onde recebemos perdão, vida e salvação. Amém.

P.Wagner Tehzy

Cascavel – Paraná (Brasilien)

sktwt@hotmail.com

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