Mateus 18.1-5

Mateus 18.1-5

PRÉDICA PARSA O ÚLTIMO DIA DO ANO DE 2021 | Texto bíblico Mateus 18.1-5 | Olmiro Ribeiro Junior |

Tornar-se e converter-se nos pequenos e pequeninas de Cristo!

Saudação: Deus que veio na criancinha da manjedoura, que escolheu as crianças como exemplo de humildade e acolhimento, esteja com você concedendo graça e paz.

Oração: Oremos, Deus de amor e acolhimento, tu que te achegas a nossa vida de forma simples e humilde nos convidando a andar contigo, a orientar nossa vida e lida aos teus ensinamentos, de discernimento e sabedoria para que tua palavra encontrar vidas dispostas a ouvir e vivê-la.

O findar do ano, traz possibilidades de avaliação, reflexão e sobretudo de comunhão e esperança. Assim, o que você tem se tornado? No que tem se convertido?

Pensando em 2021, um ano de interrogações, de tensões, tristeza e medo. Um ano em que a fome, a injustiça e a morte avançaram. Caos nos hospitais, tristeza em todos os continentes. Destruição da natureza e aumento da violência. De outro modo, podemos pensar que também foi um ano de solidariedade, de agilidade na ciência, de proteção e cuidado, de valorização aos profissionais da saúde, educação e pesquisa.

Um ano que oramos para que a pandemia passasse, para que as pessoas não fossem contaminadas, que fossem curadas e oramos por familiares, pessoas amigas e desconhecidas que perderam pessoas amadas.

Diante de tanta incerteza e dificuldade, o que nos tornamos, no que estamos nos convertendo?

Carlos Drummond de Andrade, nos convida a renovar a esperança no findar do ano, com seu poema o Tempo:

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente. Para você, desejo o sonho realizado, o amor esperado, a esperança renovada”.

O texto de Mateus, traz o diálogo entre discípulos e Jesus, sobre o questionamento de se tornar o mais importante no Reino dos Céus. O texto faz parte do sermão sobre a vida comunitária. Orientações e ensinamentos de como viver em comunhão, em comunidade com Jesus Cristo.

O texto não descreve e nomeia quem foi o discípulo que fez o questionamento, mas traz a concepção coletiva, de que os discípulos fizeram o questionamento. Jesus traz esta relação coletiva, porque infelizmente esta é a realidade humana, querer ser mais do que as outras pessoas. Ter mais dinheiro, status, poder, beleza, benefícios e influência. Ou seja, Ser e valer mais. Entrementes, aos olhos de Deus nosso valor está no seu amor em Cristo, para toda e qualquer pessoa. Contudo, os discípulos estavam preocupados e queriam saber quem seria o mais importante no Reino dos Céus, que iria mandar, aparecer e receber as honrarias.

E para surpresa dos discípulos, Jesus não responde diretamente, mas chama uma criança, que provavelmente, espiava de longe a conversa. Jesus a chama para que venha ao centro e sente em seu colo. O texto não descreve, mas imaginemos que Jesus está ensinando, compartilhando aprendizagens significativas e os discípulos estavam dispersos, pensando em que seria o mais importante no reino dos céus. Pensando em posições, poder e ganância. Porém, Jesus percebe que uma criança, um menino espiava de longe, atenta e sedenta por sua palavra e ensinamento.

Então, Jesus responde aos discípulos: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus”.

Jesus destaca a importância de torna-se e converter-se. Voltar-se para a mensagem do evangelho como ensino e vivência. Um jeito de viver a vida em acolhimento e humildade na dependência da graça de Deus e na interdependência do amor e diaconia ao próximo. De viver a justificação por graça e fé como fundamento e orientação para vida e os relacionamentos.

Poderíamos desdobrar vários fatores da escolha de uma criança como exemplo, mas gostaria de destacar a sua dependência, acolhimento e disposição para mudança e aprendizagens, para orientar a sua vida pela mensagem de Jesus.

Assim, podemos perguntar: Qual a nossa disposição e envolvimento, diante da mensagem, do ensinamento do evangelho de Jesus Cristo?

No que estamos nos tornando e convertendo?

Olhando para nossa vida, relacionamentos, valores, envolvimento social e comunitário, nos aproximamos mais do que?

Da mentalidade equivocada e dispersa dos discípulos que estavam pensando em ser mais importante, em ter mais poder, aparência?

E com esta mentalidade, será que estamos nos tonando pessoas que constroem e colaboram para uma sociedade injusta, desumana, que aceita e justifica a pobreza, violência e intolerância? Que consome, devasta e destrói o planeta? Que propaga a ganância, que almeja ser mais que as outras pessoas?

Ou, somos pessoas sedentas e abertas ao evangelho, que nos convida a mudar, a nos converter. Semelhante ao exemplo da criança, do menino que estava atento a mensagem de Jesus.  Que tinha a disposição para conversão, para voltar-se a Deus cotidianamente. Para viver o batismo, com arrependimento e graça, resistindo e não aceitando tudo o que é ganância, morte, violência, injustiça e pecado. Mas acolhendo e aceitando o que é graça, perdão, fé, esperança e amor.

Lutero nos ensinou um critério para viver a conversão diária, para nos tornarmos pequeninos e pequeninas de Cristo. Utilizar em todas as ações, relações e pensamentos, o questionamento: Isto promove a Cristo? O que faço, penso e realizo, promove a Cristo?

Assim, o que estou me tornando, o que eu vivo e construo promove a Cristo? A Comunidade que participo, suas atividades promovem a Cristo?

Promover a Cristo, não é nada mais, do que se tornar um Cristo para outra pessoa, que é o meu próximo. Desta maneira, ser a presença, o amor e a graça de Deus, onde estamos e com quem estamos.

Vivenciar o acolhimento! Servir em amor como Cristo testemunhou e nos ensinou. No exemplo: Do Grande julgamento, nas ações de compaixão e diaconia, visitando, acolhendo, alimentando, estando em comunhão com quem sofre; Do filho prodigo sobre arrependimento e acolhimento;  Do Bom samaritano sobre amor e misericórdia;  No lava pés sobre humildade e liderança; Na multiplicação dos pães sobre partilha e comunhão. E tantos outros exemplos que nos ensinou, de como nos converter e tornar-se em filhos e filhas de Deus que vivem o amor e transformam a realidade com justiça e paz.

O menino que nasceu na manjedoura, morreu na cruz e se faz presente em nossa comunhão é a força e a inspiração para a mudança, a esperança renovada que Carlos Drummond de Andrade nos fala no poema o Tempo, e que Jesus nos ensina. Uma esperança que nos convida a andar nos caminhos de Deus, seguindo as pegadas de Cristo, e nos convertendo e tornando nos seus pequeninos e pequenas…

Oro e desejo que o amor de Deus te envolva e acolha para que no iniciar do ano vindoura possas continuar a caminhada com Deus, mediante Jesus de Cristo fortalecendo a fé, a esperança e amor.

Oro e desejo para que tua vida, família e lida sejam abençoadas e que esta bênção se propague por onde andar e com quem estiver.

P.Olmiro Ribeiro Junior

Porto Alegre – Rio Grande do Sul (Brasilien)

secretaria.ac@ieclb.org.br

de_DEDeutsch