PRÉDICA PARA O 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES

PRÉDICA PARA O 19º DOMINGO APÓS PENTECOSTES – 11 de outubro  de 2020 | Texto: O CASAMENTO REAL – MATEUS 22.1-14| Romeu Otto Hoepfner |

Prezada comunidade!

Estando na época dos domingos comuns do calendário eclesiástico é tempo de semeadura diante dos sinais da presença do Reino de Deus em nosso meio, bem quando os olhos e a atenção da humanidade estão voltados para a pandemia e a expectativa do desenvolvimento de uma vacina que nos anuncie a cura deste mal. Por isso, é tempo de evangelização. Até porque, por um lado, a humanidade teme a desgraça, chora os seus mortos, e, por outro lado, anseia por consolo, esperança e novas perspectivas de vida.

Estimada Comunidade!

Acabamos de ouvir o Evangelho deste domingo: A Parábola das Bodas é o texto sugerido, pela série ecumênica, como base para a reflexão e meditação deste dia.

Jesus fala de um casamento real. Um rei convida para as bodas de seu filho. Aparentemente uma situação corriqueira. No entanto, ocorrem fatos estranhos, tanto nos preparativos desta festa, como também no desfecho da mesma. Até poderíamos imaginar uma encenação da parábola. Ou até recontá-la com as nossas próprias palavras, como que Jesus estivesse narrando a partir de nossa realidade. Vejamos:

Jesus inicia dizendo:

“O REINO DOS CÉUS É SEMELHANTE A”: E agora tentaremos recontar:

UM REI QUE QUER FESTEJAR AS BODAS DE SEU ÚNICO FILHO. ENVIA MENSAGEIROS QUE ENTREGAM OS CONVITES. NO ENTANTO, ACONTECE O INESPERADO: OS CONVIDADOS REJEITAM O CONVITE.

O REI ENTÃO ENVIA OUTROS MENSAGEIROS QUE INCENTIVAM PARA QUE OS CONVIDADOS REPENSEM E PARTICIPEM, POIS, O BANQUETE ESTÁ PREPARADO COM MANJARES CELESTIAIS, TORTAS DO CÉU E UM CARDÁPIO ESPECIAL PREPARADO COM MUITO CARINHO.

QUE ESCÂNDALO: OS CONVIDADOS TORTURAM E MATAM OS MENSAGEIROS.

CONSEQUÊNCIA DA REJEIÇÃO: OS CONVIDADOS SÃO EXCLUÍDOS E PAGAM COM A PRÓPRIA VIDA.

E AGORA? RESTA APENAS ESTE FINAL TRÁGICO? NÃO, A FESTA ACONTECERÁ. COMO? QUEM SERÃO OS NOVOS CONVIDADOS? PASMEM! SERÃO OS PEDINTES, OS MORADORES DE RUA, OS QUE AGUARDAM NAS FILAS A ESPERA DE SOCORRO, OS SOLITÁRIOS, OS DESESPERADOS, OS DROGADOS, OS VELHOS ABANDONADOS, OS MORADORES DE RUA, OS DESEMPREGADOS, OS ENLUTADOS QUE PERDERAM SEUS ENTES QUERIDOS PELA COVID-19, OS PROFISSIONAIS QUE LUTAM PELA VIDA NOS POSTOS E UTI´S DESTE MUNDO, E OUTROS TANTOS.

QUE ESPANTO! ESTES CONVIDADOS VÊM E PARTICIPAM, PORQUE É FESTA DA ALEGRIA DURADOURA, E NOVA VIDA PARA TODOS E TODAS

TODOS TERÃO LUGAR NO BANQUETE DO REI.

PORÉM, TODOS E TODAS DEVEM ESTAR FESTIVAMENTE VESTIDOS. NÃO HÁ MAIS LUGAR PARA AS VESTES DO DESESPERO E DA DESGRAÇA.

QUEM NÃO QUER A NOVA VIDA DA VESTE NUPCIAL FICA DE FORA.

NÃO DÁ PARA VIVER DUAS SITUAÇÕES DIVERSAS: OS CONVIDADOS PRECISAM SE TRAJAR ADEQUADAMENTE QUANDO O REI OS CONVIDA PARA O MOMENTO NOVO. PORQUE? PORQUE “ MUITOS SÃO CONVIDADOS, MAS POUCOS SÃO ESCOLHIDOS“.

 

CARA COMUNIDADE! O que diremos? Como nos sentimos diante deste  texto e diante desta tentativa de atualização da parábola?

Sim, com certeza, a vida humana não é repleta de momentos festivos. Andar pelo vale da sombra da morte faz parte do nosso dia-a-dia.

Mas, a parábola nos permite retroceder no tempo: O convite para participar da festa já foi realizado, para a maioria de nós, há muito tempo.

– Lembram? Quando? Por ocasião de nosso batismo o trino Deus nos convidou para a sua festa? É festa sagrada, indispensável para mim e para toda a humanidade. Fora da festa haverá “choro e ranger de dentes”!

Mesmo em tempos de pandemia, ou em outros tantos momentos da história, a vida longe e afastada de Deus não tem futuro. É desgraça certa. Quem é este Deus? É o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, e, por conseguinte, é como um pai e como uma mãe para todos e todas nós. Este é o Deus que nos aceitou como filhas e filhos por ocasião de nosso batismo.

Por isso, valorizamos o batismo e o lembramos em todas as nossas atividades, sejam elas presenciais ou não. Batismo é o fundamento e ponto de partida de nossas vidas. É ato da graça. É o abraço incondicional, válido para a vida e a morte . A IECLB (IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA NO BRASIL), em seu tema do ano (2019/2020) chama as comunidades a refletirem acerca do batismo. „VIVER O BATISMO“ é a temática atual e vigente para o aprofundamento nas paróquias e, daí para fora de suas próprias divisas.

Amados, amadas!

Na tentativa de atualizar esta parábola destaco dois aspectos:

Primeiro: Nosso Senhor Jesus Cristo nos convida a participar da festa da esperança. A vida é presente agradável que recebemos de Deus por meio de nossos pais.

É presente com ótimas perspectivas, pois vence as barreiras da própria morte. Lutamos para vencer as barreiras destrutivas da morte. Deus quer a vida, tua, minha, de toda a humanidade e de toda a sua obra da criação. Quer a vida para a sua bela e magnífica criação. É um convite que Deus faz.

Convite intransferível: “Chamei-te pelo teu nome, tu és meu”, diz o Senhor por ocasião de nosso batismo. E nós, ao recebermos o convite para a festa de Deus podemos responder:

“Mesmo que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me consolam…” (Sl. 23).

– Então, o convite é baluarte, é firme fundamento para as nossas vidas.

Segundo aspecto:

Os cristãos são pessoas inquietas (Lembro do hino: „Jesus Cristo me deixou inquieto“). Cristãos não se isolam, mas vivendo em comunidade, levam o testemunho da festa de Deus para dentro do mundo; este mundo desesperado, doente e triste, tão pobre e tão rico, ao mesmo tempo.

A festa de Deus sempre terá cheiro de banquete, onde todos e todas têm lugar. Deus não dá prosperidade financeira ou anseio para um consumismo desenfreado e individualista, mas disposição para a diaconia, que é o amor ao próximo, experimentado e exercitado. Ficamos ricos para outros!

Bem neste tempo de pandemia temos exemplos múltiplos para o exercício deste amor centrado na vida da pessoa sofredora. Lembremos de Lutero, o Reformador, que ousou escrever 95 teses que não visavam a fundação de uma nova igreja, mas a condução de sua Igreja para o caminho da verdade, em gesto de amor e graça, para um mundo marcado pela justiça de Deus, por meio do Cristo crucificado e ressurreto.

Aprendemos com Lutero e muitos outros e outras a sermos cristãos e cristãs inquietos e inquietas.

Por isso, vestir a veste nupcial, vestir a camiseta, suar a camisa é indispensável para os e as participante das “bodas do rei”.

Que Deus nos converta para si, para que tenhamos entendimento e sabedoria para participarmos da festa do reino de Deus e anunciar a verdade verdadeira neste mundo em que vivemos!

AMÉM.

1. Romeu Otto Hoepfner

Curitiba – Pr

romeuottohoepfner@gmail.com