Tiago 5.7-11

Prédica para o 3.o domingo de Advento | 11 de dezembro de 2022 | Texto bíblico: Tiago 5.7-11 | Baldur van Kaick |

O texto bíblico para este domingo encontra-se na carta do apóstolo Tiago, capítulo 5. 7-10 (Nova Almeida Atualizada)

Irmãs e irmãos em Cristo, comunidade reunida neste tempo de Advento:

I

Quem ouve a palavra de Deus não permanece como antes, mas é feito nova criatura, o que tem reflexos na vida da comunidade cristã e no dia a dia onde se vivem  as alegrias, as dificuldades e se tomam decisões nas diversas áreas da vida. Nas comunidades do apóstolo Tiago, espalhadas pelo mundo daquela época, era a transformação da vida pelo Evangelho que estava deixando a desejar, e é este o motivo de ele escrever a carta às comunidades de seu tempo. Hoje, terceiro domingo de Advento, somos nós os  endereçados das palavras do apóstolo, e somos gratos que as podemos ouvir, pois sabemos que é ouvindo o Evangelho que se cresce na fé e a vida cristã se renova.

II

Uma minoria dos cristãos nas comunidades era rica, a maioria pertencia à classe social pouco acima da linha de pobreza. Num aspecto nada corria bem nas comunidades do apóstolo. No capítulo 2 ele escreve (o título do capítulo é: „Não deve haver parcialidade):  Meus irmãos, vocês não podem ter fé em nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, e ao mesmo tempo tratar as pessoas com parcialidade“ (2.1).

O que estava acontecendo? O cristão entra na igreja com anéis de ouro e roupas de luxo, e logo lhe oferecem um assento: »Venha, aqui tem um lugar para você.“ O pobre entra, roupas surradas, e observam: „Fique em pé aí atrás ou sente-se no piso ao lado do meu banco.“ O status social determina o modo de relacionar-se na igreja.

Deus ama de igual maneira a todos e todas, e Jesus acolheu os pobres e esquecidos com amor, e é esta a atitude que deve prevalecer também no seio de uma comunidade que tem o nome de cristã, explica o apóstolo.

Na vida de quem é cristão ocorre uma luta entre a nova maneira de viver que entrou no mundo com a vinda de Jesus Cristo e a velha maneira que é fruto do pecado e constantemente quer derrotar a nova maneira de viver.

Hoje, por esta palavra do apóstolo, Deus exorta também a nós, as comunidades cristãs do presente, para perseverar na nova vida que temos no Evangelho e que se expressa dentro da comunidade no convívio fraternal que não faz acepção da pessoa por causa da conta bancária que porventura tenha. A comunidade de fé é um espaço alternativo, diferente da sociedade. Na comunidade de fé cada visitante ou membro, também o  mais simples e pobre, deve sentir-se acolhido e feliz de que existe este lugar onde também ele pode ouvir o consolo e fortalecimento do Evangelho de que ele tanto necessita para sua vida, e é acolhido com carinho.

III

Nós sabemos que não se é cristão somente dentro da Igreja. A família, as relações sociais, os negócios, são espaços onde a fé cristã é vivida e testemunhada. Nas comunidades de Tiago, cristãos contratavam trabalhadores para a colheita  e sonegam o pagamento.  O apóstolo constata: „Nestes tempos do fim, vocês ajuntam tesouros. Eis que o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos campos de vocês e que  foi retido com fraude está clamando; e o clamor dos que fizeram a colheita chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Vocês têm tido uma vida de luxo e de prazeres sobre a terra; têm engordado em dia de matança. Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência.“ (5.3-6). As palavras do apóstolo são fortes, pois a ganância com que fraudam outros desacredita o Evangelho a que dizem servir.

Uma família cuida da pessoa idosa que tem em casa, e o faz com carinho, apesar do desgaste que isso representa. Ela está testemunhando o Evangelho na vida famíliar. Uma pessoa contrata um pedreiro para realizar um trabalho em casa e lhe paga com honestidade o que merece. Ela está testemunhando o Evangelho com a honestidade com que age.  A palavra de Deus mostra que a fé no Senhor Jesus Cristo e a nova maneira de viver na sociedade são uma só coisa. O velho ser humano sempre tenta destruir e derrotar o novo ser humano nascido em nós que cremos em Jesus Cristo. Neste tempo antes do Natal, Deus nos está exortando pelas palavras do apóstolo para que não permitamos que o pecado destrua o que o Evangelho fez nascer em nós de belo e novo, que é a bondade, a honestidade, fazer o que é justo nas relações sociais, corrigindo o rumo onde estamos errando,  testemunhando assim, com nossas atitudes e ações, o Evangelho de Jesus Cristo também do lado de fora dos muros da Igreja,

IV

Como o apóstolo conclui a sua carta? Ele escreve: „Irmãos, não se queixem uns dos outros, para que vocês não sejam julgados. Eis que o juiz está às portas. – Irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. 

O apóstolo conhece o poder da língua, um tema sobre o qual ele discorre no capítulo 3. Da língua procede bênção e maldição, escreve em 3.10. Ninguém consegue colocar um freio nela“, anota em 3,3. Vale a pena ler este capítulo que é muito atual. Quem conhece as  redes sociais da Internet, entende muito bem do que ele está falando. É por conhecer  o poder da língua (também de destruir), que o apóstolo no final de sua carta exorta para que não se transforme as comunidades cristãs em espaço de queixas e acusações mútuas, o que destrói a comunhão cristã. „Irmão, não se queixem uns dos outros, para que vocês não sejam julgados (por Cristo quando ele voltar em glória)“. O que ele pede de positivo? Ele roga:  „Irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor.“ – Na nossa vida presente nós cremos em Jesus Cristo, mas não o vemos. Mas um dia, o Evangelho o promete, o veremos em toda a sua glória, e naquele dia quem o testemunhou com palavras e com uma vida nova que brota do Evangelho, receberá a coroa da vida (1.13). Até o encontro com Jesus em sua glória, a palavra de Deus nos conclama a andar com paciência (e paciência aqui significa perseverança) no caminho do Evangelho.

V

Prezada comunidade:

É ouvindo o Evangelho que crescemos na fé e a vida cristã se renova em nós. Neste Advento pedimos a Deus (e o faremos explicitamente na oração final) que com nosso viver diário em todas as áreas da vida, também na comunidade de fé, sejamos testemunhas de Jesus Cristo. E Deus nos conceda que no encontro com Jesus Cristo, em sua glória, recebamos no fim da caminhada a coroa da vida. Assim também o nosso tempo de Natal será um tempo de bênçãos. O Evangelho anuncia: „Bem-aventurado é aquele que suporta com perseverança a provação. Porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.“ (1.12).

Amém

P. Em. Mag. Baldur van Kaick

Curitiba – Paraná  (Brasilien)

bvankaick@gmail.com