TRINDADE Isaías 6.1-13

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TRINDADE Isaías 6.1-13

PRÉDICA PARA O DOMINGO  TRINDADE – 30 de maio de 2021 | Texto: Isaías 6.1-13 | Carlos A. Dreher |

A graça de nosso senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos nós. Amém!

Querida comunidade!

Hoje celebramos o domingo da Santíssima Trindade. Louvamos a nosso Deus, que é Deus único, mas que tem três formas de se manifestar: como Deus Pai, criador e mantenedor de todo o universo; com o Filho, que morreu e ressuscitou por nós, para a nossa salvação; e como Espírito Santo, o Consolador, que cria e mantém a Igreja, reunindo-nos em santa comunhão.

Encontramos essa Trindade nos três textos deste domingo: o Evangelho, João 3. 1-17, nos apresenta o Filho; na epístola, Romanos 8.12-17, o apóstolo Paulo nos fala do Espírito Santo; e o texto previsto para a pregação, Isaías 6.1-13, nos mostra Deus Pai, em toda a sua glória.

Ouçamos este texto que é base para a nossa prédica:

(Leitura de Isaías 6.1-13)

Estamos no ano da morte do rei Uzias. Segundo estudiosos, trata-se do ano de 738 a. C. Normalmente, a atuação profética de Isaías é datada para os anos de 740 a 701 a. C.

Isaías está no interior do templo de Jerusalém. Ao que tudo indica, está na área do Santo dos Santos, onde se encontra a arca da aliança, colocada sobre as asas de seres alados pintados nas paredes. Ali há fumaça da queima de incenso e de outros sacrifícios.

É aí que Isaías tem a fantástica visão: ele vê Deus sentado imponente em seu trono. As abas de suas vestes enchem o templo. Serafins estão acima dele, cada qual com seis pares de asas: um par para cobrir o rosto, outro para cobrir o sexo, aqui expresso com o eufemismo “pés’, e outro para voar.

Serafins são seres alados com corpo de serpentes abrasadoras, como aquelas que atacaram o povo no deserto, quando Moisés ergueu a serpente de bronze para salvar as pessoas picadas por elas.

Estes serafins que Isaías agora vê voando acima de Deus clamam: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia de sua glória”.

Antes que vejamos nesse refrão litúrgico qualquer alusão à Santíssima Trindade, é necessário lembrar que o Antigo Testamento não conhece o Filho nem o Espírito Santo. Senhor dos Exércitos é uma antiga alusão à liderança e à condução de Deus do exército das tribos no período anterior à monarquia. Este Senhor é três vezes santo!

A visão é ao mesmo tempo fantástica e assustadora. Isaías se apavora diante dela e grita: “Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito em meio a um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!”

Por que tamanho susto? Ver Deus não seria muito mais um motivo de júbilo e de alegria?

Não no mundo de Isaías. Para ele e as pessoas de seu tempo, o contato com o sagrado é um perigo para o ser humano pecador. O pecado não subsiste diante do que é santo. A impureza do ser humano o torna mortal diante do que é puro, enfim, diante de Deus! Isaías crê que vai morrer.

É então que acontece sua purificação. Um dos serafins pega com uma tenaz uma brasa no incensório e a leva até Isaías. Toca seus lábios com essa brasa, dizendo: “Esta brasa tirou o teu pecado. A tua iniquidade foi tirada, e perdoado o teu pecado!”

A brasa nos lábios é como a água na nossa cabeça, por ocasião do batismo. Ela nos purifica e santifica.

Agora Isaías não precisa mais temer. Foi purificado, foi santificado.

E, santificado, pode agora participar do conselho do Senhor, junto com os serafins e outros seres celestiais.

O  Senhor pergunta: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Em sua euforia de recém-vocacionado, Isaías exclama: “Eis-me aqui, envia-me a mim.”

Isaías mal sabe o que o espera. Está feliz, como qualquer pastorzinho em início de ministério. Não pergunta qual será sua tarefa, qual será sua missão. Está apenas alegre e muito disposto a servir a seu Senhor. Mal sabe o que realmente o espera…

“Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.”

Eis aí a missão! Vão-se a alegria e o entusiasmo. Isaías é vocacionado para ser um enganador! E um enganador que leve esse povo à perdição, para que ele não se salve!

É terrível e extremamente doloroso quando uma pastora ou um pastor descobre que não foi chamado para falar só coisas boas aos membros de sua comunidade, quando descore que também precisa chamar muitas pessoas ao arrependimento e, muitas vezes, olhando-as de frente, cara a cara, dizendo: “Tu pecaste! Ofendeste a Deus e ao teu próximo! Arrepende-te e vai falar com teu próximo e com Deus!”

A questão é muito pior no caso de Isaías. Ele não vai chamar ao arrependimento, mas vai enganar para provocar o juízo sobre seu povo!

“Até quando, Senhor!” “Até que tudo seja destruído e reste apenas um toco de árvore cortada, uma semente santa: um pequeno grupo de pessoas fiéis e tementes a Deus!”

Não, não é fácil ser profeta ou profetiza, pastor ou pastora, missionário ou missionário. Não é só pregar boas novas; é também pregar juízo, até que reste apenas uma semente santa!

Assim também é estar diante da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Mesmo purificados pela água do Santo Batismo, não estamos aqui reunidos apenas para louvar e cantar jubilosos “Santo, Santo, Santo é o Senhor nosso Deus! Toda a terra está cheia de sua glória!”  É também ouvir a sua Palavra e meditar sobre ela no que nos diz de Evangelho, de boas notícias, mas também sobre o que ela nos diz sobre juízo e condenação. E é também dispor-se ao chamamento, sabendo que a missão pode ser muitas vezes ingrata e espinhosa.

Que Deus Pai nos chame, que o Senhor Jesus nos santifique, que o Espírito Santo nos acompanhe! Santo, Santo, Santo é o Senhor nosso Deus! Toda a terra está cheia de sua glória!

Amém!

P. Dr. Carlos Arthur Dreher

São Leopoldo – Rio Grande do Sul, Brasilien

carlos.arthur.dreher@gmail.com

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